Pesquisar este blog

sexta-feira, junho 25, 2010

FORMULA 1 MUDAR A REGRAS


1 - Diminuir o número de regras
Chico Serra, piloto de Stock Car, se define como um obcecado por Fórmula 1: “quem gosta de automobilismo de verdade não pode nunca deixar de ver Fórmula 1. Ela, mesmo chata do jeito que dizem estar, é muito melhor do que qualquer outra corrida, porque é lá que estão os melhores”, observa. Para privilegiar o talento, ele defende que o regulamento da categoria limite menos os pilotos. “O que falta hoje são ultrapassagens, pois não existe espaço físico e os carros são muito rápidos e eficientes. Acredito que se deixarmos os pilotos mais livres, com menos regras, teremos corridas mais interessantes e menos burocráticas”.

2 - Estabelecer um teto orçamentário
O assunto é polêmico. É fato que a disparidade econômica entre as equipes prejudica o equilíbrio do campeonato. Mas seria justo limitar os gastos das escuderias - como a FIA propôs no início deste ano? “É complicado nivelar a Fórmula 1 por baixo. Corremos o risco de a categoria virar uma nova Fórmula Indy, frágil em tecnologia”, disse o jornalista Mauro Cezar Pereira. Já Lucas di Grassi, piloto da Virgin, vê a ideia com mais simpatia. “É uma proposta válida. Isso traria maior igualdade às equipes e se refletiria no desempenho nas pistas”, defende.

3 - Tornar os circuitos mais difíceis
A modernidade dos carros não foi acompanhada por uma evolução das pistas. Com isso, os pilotos erram cada vez menos. Pior: autódromos mais novos, como os de Xangai, Bahrein e Abu Dhabi (todos eles desenhados pelo arquiteto alemão Hermann Tilke), são tediosos. “Uma revisão nos traçados é necessária. A emoção hoje está em pistas como a do Brasil e a da Bélgica, lugares em que nem sempre é preciso chover para aumentar a emoção.”, defende o narrador Odinei Edson.

4 - Promover corridas em palcos tradicionais
Novamente, os circuitos mais recentes do calendário da Fórmula 1 são apontados como vilões. Enquanto GPs tradicionais, como o de San Marino e da França, são retirados do campeonato, corridas como a da Malásia, Coreia do Sul e China recebem provas da categoria - muitas vezes, com parte das arquibancadas vazias. “Esse processo de levar a Fórmula 1 para o Oriente, apesar de ser interessante economicamente, está distanciando a Fórmula 1 dos fãs. Sou saudosista. É muito mais interessante uma prova em Ímola, em uma atmosfera apaixonada por automobilismo, do que em um autódromo vazio na China”, constata Mauro Cezar Pereira.

5 - Definir maiores exigências para novos carros e pilotos
A pouca – ou nenhuma – competitividade de alguns pilotos e escuderias são pontos negativos e que sempre foram um problema para a Fórmula 1. “A FIA teve critérios poucos claros para escolher as novas equipes do campeonato, e hoje temos pelo menos três escuderias muito fracas”, afirma o jornalista Flavio Gomes. Já Thiago Santiago, também jornalista e co-autor do documentário “Uma Carreira sobre 4 rodas“, acredita que a categoria deveria testar mais os carros e pilotos estreantes. “Os carros deveriam ter um mínimo de rodagem e se adequar para correr na F1. O mesmo deveria valer para pilotos inexperientes, que poderiam cumprir um período mínimo como pilotos de testes”.

6 - Limitar a aerodinâmica dos carros
Em 2009, a Fórmula 1 iniciou um processo para limitar a aerodinâmica dos carros, facilitando as ultrapassagens. As medidas, no entanto, ainda devem ser aperfeiçoadas nos próximos anos, acompanhadas da proibição do difusor duplo e um possível alargamento dos pneus dianteiros. Lucas di Grassi sente que os carros não conseguem andar próximos nas curvas de alta velocidade. “O carro de trás não consegue andar tão próximo, pois a zona de vácuo do carro da frente o deixa com menos ar e há menos pressão aerodinâmica, o que compromete a aderência do carro, fazendo-o perder tempo”, explicou.

7 - Criar mecanismos que tornem as corridas mais imprevisíveis
“Infelizmente não dá pra molhar a pista artificialmente”, brinca Odinei Edson. Outra ideia inusitada vem de Mauro Cezar Pereira. “Já que é para ser criativo, e se as equipes não pudessem escolher o tipo de pneu para cada prova? Poderia haver um sorteio”, afirma. Lucas di Grassi faz uma proposta que lembra alguns jogos de vídeogame: “Podia haver um sistema que permitisse, por determinada quantidade de tempo, que os carros usassem mais potência, como ocorria com o KERS no ano passado. Colocariam um botão no volante e o piloto teria um número limitado de vezes para usar - poderia ser um nitro, um aumento no número de giros do motor – como um ‘push to pass’ (aperte para ultrapassar)”, explica.

8 - Se inspirar em outras categorias emergentes
Apesar de ser uma referência para todo o automobilismo mundial, a Fórmula 1 talvez pudesse buscar inspiração em outras categorias do esporte, como o Mundial de Rali e a GP2. As modalidades foram apontadas, respectivamente por Mauro Cezar Pereira e Flavio Gomes, como campeonatos que se destacam pela emoção e quantidade de corridas atraentes. Ambos, no entanto, não concordam com mudanças que possam deixar a Fórmula 1 descaracterizada, como a criação de uma fase final no campeonato, como ocorre na Nascar e na Stock Car, ou a adoção de circuitos ovais, semelhantes aos da Fórmula Indy. “Seria um retrocesso”, afirma Mauro Cezar Pereira.

9 - Permitir maior autenticidade aos pilotos
Os anos em que Ayrton Senna, Nelson Piquet, Nigel Mansell e Alain Prost dividiam as pistas costumam ser lembrados como os mais áureos da história da categoria. Não apenas pelo alto nível do campeonato, mas também pela personalidade forte desses pilotos. O narrador Odinei Edison acredita que a Fórmula 1 perdeu muito desde então, por conta do excesso de rigidez das escuderias, que exigem uma postura “politicamente correta” dos seus funcionários. “Dentro da pista, os pilotos guiam para conservar o contrato e não são arrojados. Fora delas, eles também estão travados, e não se expõem ao público, parece que estão em um pedestal muito grande. As equipes deviam dar maior liberdade para os pilotos serem o que eles são”, disse.

10 - Acompanhar a F1, independente do desempenho dos brasileiros
Não é coincidência. A Fórmula 1 perdeu público no Brasil após a morte de Ayrton Senna - último campeão mundial do País - e voltou a recuperar parte do prestígio com o bom desempenho de Felipe Massa nos últimos anos. A falta de um brasileiro ganhando corridas influi o público mais do que deveria. “As pessoas ainda embarcam nessa onda de só acompanhar quando um brasileiro é campeão. O esporte não é isso, em nenhum lugar está escrito que somos os melhores do mundo e não podemos permanecer 19 anos sem títulos. Eu até desconsidero essas opiniões, acho irrelevantes. Essas pessoas não gostam do esporte, apenas gostam de ganhar”, critica Flavio Gomes.

Nenhum comentário: