TRANSAMAZÔNICA: A natureza contra-ataca.
Nem só as catástrofes naturais são as responsáveis pela destruição da natureza. Muito pior do que elas, é a implacável ação humana contra o meio ambiente. Exemplo vivo disso é a Rodovia Transamazônica ou BR-230, cuja construção foi anunciada pelo governo do então presidente da Republica, o general Emilio Garrastazu Médici (1969 a 1974), numa solenidade no meio da selva amazônica, em uma manha de 1970. Nascida em plena época do milagre econômica e embalada pelo Plano de integração Nacional do regime militar, a estrada integraria a Amazônia ao restante do País, saindo de Pernambuco e Paraíba. Depois, passaria por Maranhão, Tocantins, Pará, Amazonas e chegaria até Boqueirão da Esperança, Na fronteira do Acre com o Peru. A intenção era ligar todo o Brasil, colonizar a Amazônia, assegurar a soberania nacional e chegar aos portos do Pacífico, garantindo uma saída dos produtos brasileiros por esse oceano. Na época, dois milhões de trabalhadores – homens e mulheres – começaram a derrubar impiedosamente árvores abrindo caminho na floresta para construir a Transamazônica. Seu primeiro trecho de 1.253 quilômetros ligando as cidades de Estreito (Goiás) á Itaituba (Pará) foi inaugurado no dia 27 de setembro de 1972. A partir de 1975, o governo abandonou a rodovia. As maquinas pararam. Os operários e habitantes da região ficaram esquecidos na selva, em um clima absurdamente quente, com chuvas violentas e duradouras, tendo como única infra-estrutura as estradas de terra. Dos 8,1 mil quilômetros inicialmente idealizados, atualmente apenas o trecho de 2,5 mil quilômetros, que liga Aguiarrnópolis (TO) a Lábrea (AM), pode ser percorrido. Mesmo assim, somente durante uma época do ano. Em alguns trechos, a floresta invade a pista, reduzindo-a a uma simples trilha no meio da selva. Em outros, o tráfego é extremamente precário. Quando chove, a lama deixa as pessoas completamente isoladas. E no período de seca, a poeira e os buracos transformam a viagem pela estrada em um verdadeiro drama, cujo percurso pode demorar até uma semana para ser percorrido. Do antigo sonho de integração da Amazônia a outras regiões do País, restam o brutal desmatamento da floresta produzido pela construção da estrada e suas vicinais, o “milagre econômico” do crescimento da divida externa brasileira (apenas custo da construção da Transamazônica foi de US$ 1,5 bilhão) e uma ferida – ecológica e social – não cicatrizada para o território. Ainda hoje, mais de um milhão de pessoas esperam que a BR-230 seja um caminho rumo ao desenvolvimento da região. Mas enquanto isso não acontece, a natureza e contra-ataca, fazendo a floresta lentamente renascer no solo da rodovia Transamazônica, uma das mais faraônicas e fracassadas obras da historia brasileira.
Fonte. Revista Planeta./ Foto Google.
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